Acordei aquele dia, disposto a fazer diferente, para tentar
resgatar seu amor. Comprei um envelope meigo e um papel perfumado, escrevi uma
singela carta com sentimentos sinceros para te entregar. Ao chegar lá percebi
teu sorriso, e ele não era para mim, percebi tua alegria e era como se eu não
mais existisse, já não percebia minha falta na tua espontaneidade. Em um breve
milésimo de segundo eu percebi que não era mais de seu mundo. Tentei voltar sem
que me notasse e era tarde demais, fingi até não ser nada de importante quando
me perguntou o que eu queria. Saí devagar, e apesar de ter me pedido para que eu
esperasse, os outros sorrisos que te esperavam me entristeceram. Não deveria me
sentir assim, estaria feliz por ti, mesmo sem saber que eu não faria mais parte
desta felicidade, mas eu não senti. Por que sou humano egoísta? Talvez. Parei
na primeira esquina deserta e rasguei aquela carta. Seus pedaços se arrastavam
pelo chão como os pedaços de minha alma. E eram levados pelo vento, em
separadas partes que nunca mais se encontrariam novamente para se formar um
todo, assim como você eu.
Rutênio Félix
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