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sexta-feira, 27 de abril de 2018

A Carta


Acordei aquele dia, disposto a fazer diferente, para tentar resgatar seu amor. Comprei um envelope meigo e um papel perfumado, escrevi uma singela carta com sentimentos sinceros para te entregar. Ao chegar lá percebi teu sorriso, e ele não era para mim, percebi tua alegria e era como se eu não mais existisse, já não percebia minha falta na tua espontaneidade. Em um breve milésimo de segundo eu percebi que não era mais de seu mundo. Tentei voltar sem que me notasse e era tarde demais, fingi até não ser nada de importante quando me perguntou o que eu queria. Saí devagar, e apesar de ter me pedido para que eu esperasse, os outros sorrisos que te esperavam me entristeceram. Não deveria me sentir assim, estaria feliz por ti, mesmo sem saber que eu não faria mais parte desta felicidade, mas eu não senti. Por que sou humano egoísta? Talvez. Parei na primeira esquina deserta e rasguei aquela carta. Seus pedaços se arrastavam pelo chão como os pedaços de minha alma. E eram levados pelo vento, em separadas partes que nunca mais se encontrariam novamente para se formar um todo, assim como você eu.

Rutênio Félix

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