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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Percorria por tantos caminhos...

Percorria por tantos caminhos, procurando uma solução que já carregava. Não aceitava e ignorava por que não lhe agradava. Eu, falando de mim mesmo, mas com a convicta certeza de que falo por muitos. As vezes não queremos uma solução. As vezes estamos andando em círculos em um quarto, uma sala ou pela vida em busca de uma resposta da qual não sabemos se é o que queremos. A situações e situações, e dentre tantas, nos deparamos com momentos que não queremos um conselho, uma frase pronta, muito menos pena de terceiros. As vezes tudo que queremos mesmo é reclamar. E pra cada conselho e consolo recebido sempre vamos suscitar um novo questionamento: "ah mas é por que, ahh mas não é bem assim, ah disso eu já sei, ah é por que não é com você". Quem nunca se deparou diante de um dilema destes, no qual você quer muito ajudar alguém, quer muito uma palavra, um conselho, algo que a faça se sentir melhor. Mas parece que a pessoa está andando em círculos sempre dizendo a mesmas coisas, repetindo o mesmo problema e sempre rebatendo todas as palavras que você lança sobre ela. Eu mesmo fui assim. Eu não queria um conselho, não queria uma solução, ao mesmo tempo que eu não estava mendigando atenção. Eu apenas queria falar, falar e falar. Precisava vomitar algo de ruim que me incomodava. E não adiantava querer me conter com "chazinhos" eu precisava mesmo puxar o curativo e deixar sangrar. O problema disto tudo é o quanto isso cansa as pessoas que se dispõem em nos ouvir. O quanto desgasta o ouvinte que não é um divã ajustado para nossos surtos e conflitos internos, dos quais nem nós mesmos conseguimos nos entender. E foi isso hoje que me tornou uma pessoa mais tolerante, ou menos impaciente. Quando aprendemos a nos colocar diante das pessoas em conflitos nos tornamos altruístas. Eu me vejo nestas pessoas, eu me vejo um adolescente perdido e confuso que precisa desabafar. Me vejo numa pessoa desiludida que precisa desafogar suas mágoas ou afoga-las. Me vejo na mulher indecisa que sabe que o relacionamento não tem futuro, mas está sempre disposta a dar uma nova chance. Me vejo na pessoa perdida, que não quer se encontrar. Me vejo em alguém que só precisa de uns minutos irrecuperáveis do meu tempo pra desabafar sobre coisas que ela sabe como resolver mas não o faz, assim como me vejo em alguém que sabe que a solução para seu conflito está dentro dele mesmo, mas cujo o preço não está disposto a pagar. As vezes não estamos tão perdidos, mas não queremos ser encontrados e tudo que queremos é quem nos ouça sem nos contrariar, mesmo que seja para o nosso bem. O grande mal realmente nasce quando isso se torna um ciclo vicioso. Quando isto se torna um habito, é aí que passamos a abusar da nobre tolerância das pessoas. Que são limitadas. Esse momento ficamos tão perdido que esquecemos o caminho de volta, e de tão perdidos não nos encontramos mais, ao ponto de não reconhecer a porta de nossa própria entrada, ou saída.

Um comentário:

  1. Muitas vezes sou essa pessoa limitadas. Me deparo sempre com pessoas que não querem solução e sim, somente falar. Muito rico seu texto, expor perfeitamente.

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